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Espaço aberto para a arte, principalmente para música.Salve todos aqueles que ajudam este país a ser cada vez melhor!Bem vindos!!! (Aracy de Almeida 19/08/1914-20/06/1988)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Aonde é que o nosso Brasil principia?

Estive em Salvador em julho. A Bahia realmente tem um jeito...Durante os dias em que passei na capital baiana deixei-me levar pela paisagem. O brilho incontestável de seus habitantes, as cores de suas praias e seu horizonte.
O famoso Pelourinho tem seus encantos.Mais vale aproveitá-lo ao lado da sapiência dos nativos e não se deixar levar pelo assédio daqueles que lhe dão boas vindas - baianas típicas,guias turísticos com um "portunhol" assentuado e meninos pedintes prontos para abordarem qualquer turista (brasileiros,europeus e americanos).Para todos um sotaque: -Senhora,tengo hambre.Dame uma plata para mi manjare, pedia um corpo franzino, sem perceber que o pedido era direcionado a duas cariocas convictas - eu e Neide, companheira de viagem. Não carecíamos de tanto "esmero" no linguajar. O assédio pelas ruas e portas de igrejas é desagradável, mas não compete com o prazer de visitar essa terra.
A versatilidade do povo baiano é surpreendente. A capacidade de criar comunicação - nos gestos, olhares,sorrisos e apertos de mão nos faz pensar o quanto a vida sob a economia do lúdico tem suas vantagens.
Afirmação é um mote forte no jeito e na topografia soteropolitana. Conhecer os bairros Liberdade (100% negro!,fazem questão de acrescentar), São Cristóvão e Vasco da Gama nos remete aos guetos novaiorquinos ou cubanos. Não é por acaso que o bloco Llê Aiyê, os tradicionais casas de culto Engenho Velho, Gantois e Opô Afonjá estão ali.
A Fundação Pierre Verger foi razão de minha teimosia.Os horários de funcionamento não estão destacados, assim foi preciso pra lá me dirigir durante dois dias. Somente nos dias úteis, a casa do etnólogo é aberta a visitas.
A recepção dos profissionais que cuidam do acervo deixado pelo francês ao mundo merece destaque. Salve Luisa, a bibliotecária que ali começou moleca e que fez de sua descontração o cartão as boas vindas para surpreender o sisudo "velhinho" que usava sarongue e grandes batas.Saravá mãe Ceci presença marcante e lendária.Viveu anos cuidando do fotógrafo e hoje ouve e conta estórias memoráveis.Quem quiser adquirir livros de Verger em Salvador, o façam comprando na própria casa onde ele viveu.
Evoé a Bahia e seu povo!Terra onde não posso me sentir turista.Carioca eu sou! Praias preservadas, culinária porreta, dança sensual e alegria.Aprendi durante essa terceira visita que nada mais "muderno" do que o respeito aos mais antigos. É Noel Rosa, você, centenário, estava certo, o Brasil principia ali. Parece que na Bahia está um pouco de nós.

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