E estamos conversados!

Espaço aberto para a arte, principalmente para música.Salve todos aqueles que ajudam este país a ser cada vez melhor!Bem vindos!!! (Aracy de Almeida 19/08/1914-20/06/1988)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Quanto vale o que temos ?


Chega a mais de 600 o número de mortos na região serrana do Rio. Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis são apontados como os municípios mais atingidos pelas fortes ”chuvas de janeiro que caíram no chão”, como canta Elomar.

No Rio sempre iniciamos o ano com o aprendizado: o respeito à natureza não pode ser definido como coisa de ecologista. Cada sacola plástica agarrada em um ralo, fraudas descartáveis jogadas na rua, ou latas de bebidas promovem nossa irresponsabilidade e coroam o descaso com o qual vivemos nos rincões mais longínquos ou  centros urbanos. Quantos passeios pela baía de Guanabara que incluem no roteiro garrafas pet’s e papéis de picolés lançados sobre as águas.

Construções em área de risco, virou jargão. A frase serve para compor discursos e textos na administração pública e nas redações. Mais uma vez a natureza nos mostra que não faz distinção entre ricos ou pobres, negros ou brancos, PHD’s ou iletrados, todos estão expostos. Não há triagem quando a natureza reage.
Se tudo tem um preço, imagino diante das chocantes imagens televisivas como quantificar o valor de um patrimônio que se esvaiu com a enxurrada? Valores monetários e afetivos obedecem a uma métrica de difícil descrição. Uma bela mansão em condomínio ou uma casa de cômodo que aguardava emboço – ambas protegiam seus moradores e esses desfrutavam do ar puro e da água potável. A moradia guardava vidas, sonhos e emoções.

A popular “tromba d’água” arrastou tudo aquilo que encontrou pela frente – carros, panelas, eletrodomésticos, móveis e roupas. Mas vidas foram os bens principais. Sonhos podem ser realizados, esperanças realimentadas, mas pessoas não podem ressuscitar. Os avanços da ciência e/ou da tecnologia ainda não tornam renascer algo corriqueiro em nossos dias.

Há uma semana a frente solidária formada pelos habitantes do estado tem significado mais uma lição. Nossa cidade tem diversos postos de coleta para doações de roupas, alimentos, água e colchões. As forças tarefas nos locais mais atingidos reúnem voluntários. Anônimos que perderam também casas e parentes permanecem a postos para ajudar os mais necessitados.
Como estabelecer quanto vale a solidariedade? Quantificar ações realizadas com abnegação ou desprendimento. Lamentar o sofá que se perdeu, a lama que encobriu uma janela ou socorrer mais e mais? Priorizar a vida pode ser nosso destino.

Políticos chegam depois. Diante das câmeras falam de indignação, dos perigos nas encostas, da união fazendo força para viabilizar a reconstrução. Verbas emergenciais, assinaturas, propostas de novas leis e aquisições de equipamentos. Onde estavam os emissários da boa nova enquanto fundações eram feitas em barrancos? O que faziam quando documentos de posse “legalizavam”o que era ilegal?

O que a natureza mostra é a verdadeira dimensão do ser humano, nosso tamanho e nossa impotência. E  o preço da solidariedade, da capacidade de doação e comoção, poderá um dia ser medido quando em nossa sociedade florescer compreensão, harmonia, ética e satisfação. 

domingo, 9 de janeiro de 2011

Turismo e passado

É 2011!!! O novo ano chegou trazendo presidente nova e um primeiro escalão que mais se parece com pedras de jogo de damas. pedras, modificam-se apenas as posições no tabuleiro, porém as peças não deixam de ser pedras. Herança da gestão Lula da Silva, diversos ministros mudaram de ministério e algumas caras novas já figuravam nos bastidores do poder, ou da ligação pessoal com Dilma Rousseff.

Ainda me pergunto que expectativa se pode ter com a gestão do deputado federal Pedro Novais na pasta do Turismo? Tornar eficaz a Lei Geral do Turismo é um desafio que envolve não somente seu livre trânsito pela Câmara federal, na aprovação de portarias, mas sim fazer valer o respeito ao consumidor e resistir a pressões e lobs. Redes hoteleiras, empresas de transportes, receptivo e agências de viagens são algumas áreas que precisam definitivamente se comprometer com prestação qualificada de seus serviços.

Basta de levar “gato por lebre”!Sem fundamento de pesquisas, tenho a impressão de que nós brasileiros não colocamos a “boca no trombone” quando pagamos por um produto irreal. No hotel, colchão com mola quebrada, no pacote oferecido pela agência, embarcações sem manutenção, além de equipe mau humorada precisam fazer parte do passado.

Acabei de pensar no passado e li que ministro maranhense traz no curriculum formação em Direito, com especialidade em Tributos e Planejamento. Como deputado está no sétimo mandado. Partidos:Arena (Ih!Quem lembra??) e PMDB.

bau da araca – Pesquisa de blogs do Google

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Aonde é que o nosso Brasil principia?

Estive em Salvador em julho. A Bahia realmente tem um jeito...Durante os dias em que passei na capital baiana deixei-me levar pela paisagem. O brilho incontestável de seus habitantes, as cores de suas praias e seu horizonte.
O famoso Pelourinho tem seus encantos.Mais vale aproveitá-lo ao lado da sapiência dos nativos e não se deixar levar pelo assédio daqueles que lhe dão boas vindas - baianas típicas,guias turísticos com um "portunhol" assentuado e meninos pedintes prontos para abordarem qualquer turista (brasileiros,europeus e americanos).Para todos um sotaque: -Senhora,tengo hambre.Dame uma plata para mi manjare, pedia um corpo franzino, sem perceber que o pedido era direcionado a duas cariocas convictas - eu e Neide, companheira de viagem. Não carecíamos de tanto "esmero" no linguajar. O assédio pelas ruas e portas de igrejas é desagradável, mas não compete com o prazer de visitar essa terra.
A versatilidade do povo baiano é surpreendente. A capacidade de criar comunicação - nos gestos, olhares,sorrisos e apertos de mão nos faz pensar o quanto a vida sob a economia do lúdico tem suas vantagens.
Afirmação é um mote forte no jeito e na topografia soteropolitana. Conhecer os bairros Liberdade (100% negro!,fazem questão de acrescentar), São Cristóvão e Vasco da Gama nos remete aos guetos novaiorquinos ou cubanos. Não é por acaso que o bloco Llê Aiyê, os tradicionais casas de culto Engenho Velho, Gantois e Opô Afonjá estão ali.
A Fundação Pierre Verger foi razão de minha teimosia.Os horários de funcionamento não estão destacados, assim foi preciso pra lá me dirigir durante dois dias. Somente nos dias úteis, a casa do etnólogo é aberta a visitas.
A recepção dos profissionais que cuidam do acervo deixado pelo francês ao mundo merece destaque. Salve Luisa, a bibliotecária que ali começou moleca e que fez de sua descontração o cartão as boas vindas para surpreender o sisudo "velhinho" que usava sarongue e grandes batas.Saravá mãe Ceci presença marcante e lendária.Viveu anos cuidando do fotógrafo e hoje ouve e conta estórias memoráveis.Quem quiser adquirir livros de Verger em Salvador, o façam comprando na própria casa onde ele viveu.
Evoé a Bahia e seu povo!Terra onde não posso me sentir turista.Carioca eu sou! Praias preservadas, culinária porreta, dança sensual e alegria.Aprendi durante essa terceira visita que nada mais "muderno" do que o respeito aos mais antigos. É Noel Rosa, você, centenário, estava certo, o Brasil principia ali. Parece que na Bahia está um pouco de nós.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Baú da Araca

o blog oficial do orkut: Selos no orkut! Você consegue todos?: "Você já deve ter reparado algo novo no orkut. Alguns de seus amigos estão ganhando pequenos ícones na página de perfil deles, e talvez você ..."

Todos ou ninguém

Guimarães Rosa sempre me comoveu.Seja provocando emoções alegres ou traços melancólicos.Mas o fato é que nunca fiquei indiferente a nada que tenha lido do criador de Diadorim, Riobaldo e Manuelão.
Relendo outro mestre das Gerais,Otto Lara Resende, a crônica Quem é Doido (livro Bom dia para nascer),constato mais uma vez a atualidade afirmada nos escritos.
"Ninguém é doido.Ou então,todos" frase de Rosa citada por Otto.Penso que realmente loucura é questão de tudo ou nada quando aparece. É para todos ou para ninguém. Uma canção inacabada pode ser vista ou ouvida por outros e parecer coisa de maluco.Um quadro ainda em fase de "gestação", se abstrato então, loucura maior não há.Se figurativa a pintura começa ser percebida quando concluída, penso eu.
Com a escrita não é diferente.Vide Clarice, Lygia Fagundes ou Lya Luft. Os textos muitas vezes reafirmam a loucura humana, o encadeamento, sem nexo, o raciocínio "organizado" por uma lógica somente autoral.
E então, como não escrever? Como não mostrar-se louco em uma sociedade como a nossa??Imaginar que todas as palavras darão luzes aos mesmos significados, tolice. Produção de sentidos, creio ser o melhor dos desafios!
Interessa mesmo é comunicar o que transmite a minha loucura aos demais.